PROGRAMAÇÃO
COMPLETA
DE 4 A 7 DE JULHO A PRIMEIRA EDIÇÃO DE UM EVENTO DEDICADO À PRODUÇÃO AUDIOVISUAL NO MAC PARANÁ!
PROGRAMAÇÃO COMPLETA
O Festival foi organizado a partir de um edital de inscrições para artistas, cineastas e videomakers. Após a programação em Curitiba, o evento seguirá em uma rota itinerante, passando pelo Museu de Arte e Cultura Popular do Norte do Paraná (Jacarezinho) e o Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss (Londrina), com datas a serem divulgadas.
Mostra de Acervo Audiovisual do MAC Paraná
7 de julho, 15h10
Filmes com janela de Libras e audiodescrição
Com acessibilidade, esta mostra exibe obras pertencentes à coleção audiovisual do MAC Paraná.
Palimpsestos (2013) – Tom Lisboa
Faxinal das Artes (2002) – Gabriela Greeb
L’Illusion (1996) + La Rupture (1998) – Gabriela Greeb
Procissão para os corpos que não morreram (2020) – Maria Macedo
Camboa (2020) – Bruno Moreno
Vertigem (2002) – Letícia Cardoso
Diarkis (2012, reeditado em 2016) – Isis Gasparini
Todos Te Amam Até Você Se Assumir Preta (2021) – Jéssica Madona
Textos Curatoriais
PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
“A distância mais curta entre dois pontos pode ser a linha reta, mas é nos caminhos curvos que se encontram as melhores coisas.”
Lygia Fagundes Telles
O tempo presente é um campo de embates e inquietações em que nos colocamos à prova. Nesta seleção de trabalhos inscritos para a categoria de práticas contemporâneas, podemos observar as respostas dos artistas a tais embates e inquietações, em diferentes explorações do vídeo, do cinema, da performance, da tecnologia, do som e do silêncio.
Com o enfoque de selecionar da forma mais abrangente possível as transformações que vem acontecendo no campo da arte, a equipe curatorial deparou-se com um forte apanhado da produção recente nas inscrições, motivo pelo qual decidimos dobrar os dias dedicados à categoria – no que fomos prontamente apoiados pela equipe do Festival de Audiovisualidades do Museu de Arte Contemporânea do Paraná.
Trata-se de uma rara oportunidade de ver coletivamente, em uma enorme tela de cinema, trabalhos que realizam experimentações em técnicas, processos, estéticas e poéticas da arte contemporânea, em diálogo com temas relevantes para pensar a sociedade atual.
Os 23 trabalhos selecionados mostram desde formatos mais lineares e narrativos à puras explorações de ritmo e cor, passando por registros de performance e do corpo, por animações e por encenações que investigam construções estéticas e de cenas, questionando nossos tempos cotidianos e tecnológicos, com denúncia e também humor e estranheza, em experimentos nas imagens e também nos seus processos. Em ambas sessões, procuramos colocar diferentes variações dos encontros provocados pelos trabalhos, buscando aproximações e contrastes a serem revelados pelo público.
Propomos, assim como os(as) artistas selecionados(as), o desvio, a curva inesperada traçada entre dois pontos no tempo presente onde se encontram as melhores coisas – como já dizia Lygia Fagundes Telles, escritora e ex-presidente da Cinemateca Brasileira. Nas práticas contemporâneas abrigadas pelo Festival de Audiovisualidades do MAC Paraná, novas descobertas podem acontecer a cada instante.
Giovanni Comodo
DIVERSIDADE, MEMÓRIA E RESISTÊNCIA
Nas décadas de 1960 e 1970, as primeiras câmeras de vídeo portáteis podiam ser compradas ou alugadas na maioria dos países do norte global. Também, podiam ser emprestadas das televisões públicas para uso em projetos esporádicos, voltados à experimentação do meio televisivo. Desde então, o acesso a equipamentos vem habilitando usos alternativos, inicialmente, não previstos nas práticas de produção de conteúdos das redes de televisão corporativas. Tal conjunção entre as esferas pública e privada aproximou artistas e aparelhos audiovisuais, pela subvenção e estímulo por parte do governo, pelo aumento da produção industrial e redução de preços.
Reprodutores de vídeo e aparelhos de televisão foram instalados em milhões de residências no Brasil nos anos 1980 e 1990. A programação de conteúdos audiovisuais neles veiculados ajudou a sincronizar multidões, pois elas se movimentavam para o mesmo lugar no sofá, para ver o mesmo telejornal ou o mesmo programa de auditório. Tais conteúdos agiam, portanto, na formação de vocabulários audiovisuais hegemônicos de representação. A programação desenrolava-se nos televisores catódicos ambientados nas salas das casas, entre outros móveis. O que era assistido tinha “um” pano de fundo doméstico e familiar. Na época, as redes de televisão no Brasil, excepcionalmente, acolheram propostas audiovisuais que problematizavam a própria mídia, por exemplo, com a veiculação de filmes com significações poéticas e políticas divergentes.
Neste cenário em construção, a videoarte ainda não era – ou, não poderia ter sido – a principal referência para os artistas que pretendiam fazer a conexão entre o vídeo e a arte. A própria forma das junções entre vídeo e arte era pouco vista em museus e galerias. Mesmo nos anos 1980 e 1990, o que se podia ver em vídeo advinha principalmente do gigantesco banco de dados magnético, composto de “todas” as fitas de vídeo, das diferentes regiões do planeta.
Eu comecei a fazer vídeo no final dos anos 1990 e me lembro de como era escassa a presença da videoarte no MAC Paraná. A importância da ação da AAMAC para a ampliação do acervo de videoarte do museu é, então, iluminada pela própria história do vídeo no Salão Paranaense, dos 1980 e 1990: nesses vinte anos, cerca de dez trabalhos em vídeo foram selecionados; nas edições de 1990 a 1999, um vídeo foi premiado, cinco aceitos, vinte e seis recusados – e tivemos duas desistências; dos anos de 1980 a 1989, apenas dez inscrições, um desistente e cinco aceitos – nenhuma premiação.
Como posso situar minha fala hoje? Participar deste processo seletivo, para ajudar a ampliar o acervo do museu, foi uma forma ativa de envolvimento, engajada institucional e afetivamente. Pois, lembro que tenho dois trabalhos em vídeo no acervo do museu – e uma pintura; que minha história com o MAC Paraná vem do início dos anos 1990; que vi muitas exposições e obras marcantes nas salas do museu; que minha primeira exposição individual foi lá, em 1994 🙂
Fabio Noronha
ARTE URBANA
Produções audiovisuais constantemente revisitam o conceito de cidade e de ambientes urbanos. Corpos em trânsito, passagens e trajetórias em fluxos livres e interrompidos para que se possa dar vazão à contemplação, pura e simples, de uma paisagem, de um parque, de um muro grafitado, de um elemento arquitetônico verticalizado, de um sinal luminoso que chama a atenção na rua, de um poste, dos veículos em trânsito, da coreografia dos pedestres em composição com os veículos de transporte, a partir do olhar de uma câmera que se demora, aqui e ali, de forma (des)proposital.
Intervenções, interações e explorações sensíveis do espaço patrimonial e cultural das grandes e pequenas cidades, dialogam com inquietos corpos-câmeras que reescrevem partituras de movimentos em processos de colagem, edição e (re)ativação de diferentes relações contextuais.
(Re)existindo na fronteira ambígua entre a sensorialidade e a racionalidade, como a cidade poderia ser representada em diferentes audiovisualidades contemporâneas? Eis a questão que norteia as escolhas de uma curadoria empenhada em estruturar uma amostragem diversificada de materialidades audiovisuais inscritas na ‘categoria arte urbana’.
A arte urbana traz – para o Festival de Audiovisualidades do Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC Paraná) – um mosaico de possibilidades de reelaboração de fragmentos do cotidiano, a partir de perspectivas de um corpo em ação (trans)formadora sobre o espaço que o absorve e o ressignifica.
As abordagens poéticas e investigativas múltiplas para a representação simbólica e social das diferentes cidades – objetos e temáticas das obras audiovisuais aqui selecionadas –, são derivadas de um conceito de dobras espaço-temporais em uma urbanidade real atravessada pela ficção audiovisual.
Cristiane Wosniak
SUSTENTABILIDADE
A grande diferença que existe entre o pensamento dos índios e o pensamento dos brancos, é que os brancos acham que o ambiente é ”recurso natural’’, como se fosse um almoxarifado, onde você vai e tira as coisas, tira as coisas, tira as coisas. Pro pensamento do índio, se é que existe algum lugar onde você pode transitar por ele, é um lugar, que você tem que pisar nele suavemente, andar com cuidado nele, porque ele está cheio de outras presenças.
Ailton Krenak
Gaia, o planeta vivente, se faz protagonista nas obras da Sessão Sustentabilidade do Festival de Audiovisualidades do Museu de Arte Contemporânea do Paraná. A sessão que inicia cada um dos quatro dias do Festival nos faz olhar para uma ideia de sustentabilidade que envolve o abandono do pensamento da humanidade separada da natureza, ou a ideia de um mundo subordinado ao humano, pensamento que vem resultando em graves consequências
ecológicas. A crise ambiental global que enfrentamos, parece nos colocar mais em risco de uma doença degenerativa do que de uma morte súbita. Nós podemos ficar aos pouco sem o mundo.
Os quatro vídeos selecionados se propõem a pensar uma aproximação nossa do mundo, algo que nos direciona a pensá-lo de uma forma outra que um recurso e a aprender, por exemplo, com as cosmovisões indígenas, onde o ambiente, as espécies de animais e vegetais, são
concebidas como entidades políticas, outros tipos de gentes ou povos. O encorajamento de tal aproximação se dá nos vídeos pelo olhar para as texturas e na escuta da paisagem de forma lírica e sinestésica, no corpo que dança com a terra e nos diz a ela pertencer e na performance que dá nome, ao que chamamos genericamente de árvore, à marteladas. A aproximação também se dá sob uma valsa onde dançam gestos carinhosos de semear a terra e de destruição dela, culminando em uma simulação dramática e estonteante de um mundo depois de nós, onde, a natureza recobre de forma indiferente as construções urbanas cujos nomes nesse contexto já não tem importância.
A Sessão Sustentabilidade foi exclusiva para trabalhos de artistas universitários e é empolgante ver que suas expressões nas artes do vídeo estão pensando nesse desafio coletivo, reflexivo, de atravessamentos, que envolve nós, eles, natureza, mundo, de imaginar novas maneiras de ser, de estar e de experienciar.
Aricia Machado
MOSTRAS
PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS (SESSÃO 1)
Esta categoria acolhe produções audiovisuais voltadas à experimentação de processos, técnicas, estéticas e poéticas da arte contemporânea. A seleção abrange temas relevantes para a sociedade atual, explorando novas formas de expressão e reflexão crítica
4 de julho, 18h40
QUINTA
Recording Art – Bruno Moreschi e Gabriel Pereira
Flamingo – Renato Gosling
Janela Janela Janela – Selana Selau
Bocada – Eleonora Gomes
Casulos de Seda – Inara Vidal Passos
Corpo Casa – Sofia Dorazio
Colar de Chaves – Milla Jung
Nove Segundos – Etevão Da Fontoura Haeser
La Ballerine – Gabriela Paludo Sulkzinsk
Júpiter em Ascensão – Lígia Teixeira e Francisco Gusso
Annescienic – Jaqueline Cohen
DIVERSIDADE, MEMÓRIA E RESISTÊNCIA
Esta categoria acolhe produções audiovisuais voltadas à experimentação de processos, técnicas, estéticas e poéticas da arte contemporânea. A seleção abrange temas relevantes para a sociedade atual, explorando novas formas de expressão e reflexão crítica
5 de julho, 18h40
SEXTA
Práticas de Cura, Memórias de uma Benzedeira – Tiago Angelo
Todo es de color – Francisco Mallmann
A água que cai do céu, é absorvida pelo solo – Mari Queiroz
PORTAIS 3.1 – Núcleo de Estudos e Criação Cênico-Visual
Te Esqueci no Deságue do Meu Peito – Júlia Sakemi
NÓS – Coletivo Duas Marias
Normal a Ditar – David Jogia
Carne sobre tela – Grazi Labrazca
Perfeita – Maritza Muniz
Nhãndê kuery mã hi’ãn rivê hê’yn’ (Não Somos apenas sombras) – Dino Menezes
PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS (SESSÃO 2)
6 de julho, 18h40
SÁBADO
Amanhã eu não sei – Davi de Souza
Continente Hipotético – Leo Bardo e Thiago Benites
Harmônica – Gio Soifer
Rõm-ófice – Érica Storer
Diálogos Indistintos – Vanessa Liberatto
Conflagração – Roberta Stubs Parpinelli
Bichinha do mangue – Carla Lombardo
Bitácoras – Yadiris Torres Roche
Conexões XV Multiverso – Carla Beatriz Rushmann
Type Film an Armony Show – João Reinaldo de Paiva Costa
Era Verão mas Não Fazia Sol em Shangri Lá – Matheus Montanari
Caiçara Vermelha – Simone Michelin
ACERVO DO MAC PARANÁ
A mostra ira apresentar Filmes com janela de Libras e audiodescrição. Com acessibilidade, esta mostra exibe obras pertencentes à coleção audiovisual do MAC Paraná.
7 de julho, 15h10
DOMINGO
Palimpsestos (2013) – Tom Lisboa
Faxinal das Artes (2002) – Gabriela Greeb
L’Illusion (1996) + La Rupture (1998) – Gabriela Greeb
Procissão para os corpos que não morreram (2020) – Maria Macedo
Camboa (2020) – Bruno Moreno
Vertigem (2002) – Letícia Cardoso
Diarkis (2012, reeditado em 2016) – Isis Gasparini
Todos Te Amam Até Você Se Assumir Preta (2021) – Jéssica Madona
ARTE URBANA
Esta categoria abrange produções audiovisuais vinculadas ao ambiente urbano, explorando intervenções artísticas nas cidades e práticas que ativam esses espaços.
7 de julho, 15h10
DOMINGO
Recording Art – Bruno Moreschi e Gabriel Pereira
Contra.tempo – Clara de Cápua
Vulvas ao sol – Faetusa Tirzah e Elenize Dezgeniski
Yorka – Leonardo Ceccatto
Compra-se ventiladores com suas gambiarras e suas histórias – Maurício Igor
Transurbano – Chico Silveira
Derivas do corpo-cor amorfo – Marina Rombaldi
Postal – Rafael Amorim
O código – Cadi Busato
Andei – Cyberputos
Algures – Jonas Sanson
SUSTENTABILIDADE
Com produções universitárias, esta categoria abrange trabalhos audiovisuais que dialogam com o tema da sustentabilidade, promovendo a experimentação com meios e processos sustentáveis.
Sessão 1 – 4 de julho, 18h30
Poesia do tempo – Rosely Kumm
Sessão 2 – 5 de julho, 18h30
Semeando a Terra – R. Fonte Mutt
Sessão 3 – 6 de julho, 18h30
Mãe Natureza – Castro Pizzano/ CasaTrezeStudio
Sessão 4 – 7 de julho, 18h00
Que Sua Luta Seja Como a da Floresta – Gabriel Bicho